Gente – A hora e a vez do humano!
Desde que o mundo é mundo o trabalho das pessoas tem sido o fator direto e motor do crescimento econômico, do enriquecimento de nações e reinos, e das fantásticas inovações e evoluções sociais e tecnológicas que temos testemunhado ao longo dos séculos. Contudo, só muito recentemente a teoria da administração geral passou a considerar os “recursos humanos” como parte importante das ferramentas de gestão ou como fator essencial para o desenvolvimento dos negócios.
É difícil imaginar que as pirâmides do Egito ou que a Grande Muralha da China tenham sido construídas sem organização, sem dúvida existiu uma tremenda organização e estratégia por trás delas, assim como a revolução industrial não teria acontecido se não houvessem – mesmo que subliminarmente – grandes direcionadores estratégicos nas cabeças pensantes dos empreendedores e industriais da época. Mas no que tange as pessoas, elas eram consideradas apenas ferramentas motoras, como simples peças das engrenagens de máquinas e sistemas, sem influência decisiva nos resultados dos empreendimentos, a não ser é claro, pela quantidade de pés, mãos, pernas, braços disponíveis para carregar, lixar, apertar, martelar, numa sincronia que fez Charlie Chaplin brincar com a situação em Tempos Modernos .
Os Tayloristas costumavam reclamar de contratar mãos e braços e receberem junto um cérebro. A lógica era que empregado não deveria pensar. As tarefas deveriam ser reduzidas a ações simples e repetitivas para que as pessoas não precisassem pensar para realiza-las. Isto gerava produção rápida e menos suscetível a defeitos e imperfeições, além de produzir uma qualidade superior. Quando a linha de montagem começou a rodar, nem mesmo a necessidade de locomoção das pessoas era mais necessária.
O papel de chefe sempre existiu. Dos capatazes com chicotes em punho das pirâmides aos “mestres” fabris da revolução industrial, distribuir tarefas, acompanhar o andamento delas e cobrar resultados – seja através do chicote nas costas dos escravos ou da demissão sumária de quem faz “corpo mole” – é, até hoje, a descrição de cargo perfeita para posições de chefia. O máximo que um empreendedor poderia exigir de um chefe era ser respeitado pelos subordinados, na maioria das vezes através da força e do castigo.
Todas estas fórmulas e conceitos no que tange ao trato com gente nos ambientes de trabalho foram maravilhosas e muito bem sucedidas no tempo em que foram utilizadas. Nações e reinos prosperaram e enriqueceram. Grandes empresas e corporações alcançaram o globo. De grandes monumentos a produtos de consumo em massa o trabalho se desenvolveu a custa do trabalho de muita gente.
Até um passado bem recente nenhum plano estratégico de respeito teria a necessidade de considerar os recursos humanos como peça chave ou como recurso chave para uma empreitada de sucesso. A não ser pela suas quantidades e disponibilidade as pessoas não chegavam ao ponto de interferir como fator de sucesso ou de falência de um negócio ou empreitada.
A história da área de recursos humano e da ciência por trás dos comportamentos e competências das pessoas é bem recente. Foi somente na segunda guerra mundial que os principais métodos e ferramentas psicológicas de avaliação das diferenças e, principalmente, do potencial intelectual das pessoas foram desenvolvidos e utilizados de uma forma estratégica, ou seja, foram considerados como diferenciais para o atingimento de resultados específicos e até mesmo para grandes vitórias.
Analisar a personalidade e o temperamento de soldados, bem como suas aptidões para liderança de tropas ou como se comportariam em situações de extremo risco e estresse começavam a ser fatores chave na determinação de vitórias e derrotas. Suas habilidades de comunicação e de organização, senso de urgência, manutenção de espírito de time e o potencial de elevação da moral da tropa começam a se tornar requisitos selecionadores para promoções na carreira militar.
Mas não foram apenas os militares que se atentaram para estes fatos. Economias que crescem começam a se desenvolver em áreas de comércio e serviços. Não só de indústrias se mantém um país em ritmo acelerado de crescimento, e aos poucos as pessoas começam a serem vistas além das suas complexidades meramente físicas. A reclamação muda, agora é: “porque quando contrato um cérebro só recebo apenas mãos e braços?”
Aos poucos o mundo vai deixando para trás o mundo industrial e vai entrando no mundo e na era do conhecimento. Saindo da economia linear e saboreando os crescimentos rápidos, turbinados pela tecnologia e pela informação da economia exponencial. Pessoas que fizeram cursos de datilografia e que se orgulhavam de operar com destreza máquinas de xerox e fax vão cedendo lugar a hackers e geeks que desenvolvem e programam aplicativos no espaço de um final de semana.
Nesta nova realidade as pessoas deixam de ser apenas peças da engrenagem e passam a ser os próprios motores propulsores do desenvolvimento. Deixam o papel de coadjuvantes para serem os recursos chaves e fundamentais de qualquer projeto. Isto porque se considerarmos que um bom negócio se constrói com estratégia, processos e sistemas, por trás de todos estes itens estão as pessoas. Negócios nascem por conta delas, para elas e por elas. Gente. O segredo dos grandes empreendedores da atualidade, e do futuro também, é gostar de gente. Elas são e estão no centro de tudo.
*do livro CANVAS PELOS GRANDES MESTRES, – Pessoas -Por Adeildo Nascimento